Na próxima edição dos “Debates CEA”, teremos a honra de receber Ivana Bentes, professora titular da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Pró-Reitora de Extensão da mesma Universidade desde julho de 2019. Ivana foi diretora da ECO-UFRJ por duas vezes entre 2006 e 2013 e depois entre 2018 e 2019 e Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura entre 2015 e 2016. É coordenadora do Pontão de Cultura Digital e do Laboratório de Inovação Cidadã da ECO-UFRJ. Atua no campo da comunicação e tem uma vasta pesquisa em torno do impacto das novas tecnologias digitais de informação.
O mundo contemporâneo é assolado por uma pandemia global sem precedentes ao mesmo tempo em que passa por uma revolução nos modos de transmissão do saber, ligada à presença das tecnologias digitais de comunicação na vida cotidiana. Hoje, o relacionamento interpessoal está mediado por plataformas digitais nas quais em vez do contato físico, o sujeito relaciona-se com uma imagem plasmada em uma tela. O fato de que a utilização dessas plataformas tenha se intensificado graças ao confinamento de parte da população não é outra coisa senão o efeito do a priori histórico que determinou a disseminação dessas tecnologias na sociedade. Disso resulta importantes mudanças tanto no plano subjetivo quanto no político que desafiam o pensamento, pois embora, em um primeiro momento, por permitir um acesso mais democrático na produção e recepção de conteúdo, tenham sido saudadas como uma forma de furar o regime monopolista da informação, as redes acabaram por criar um problema relativo à luta sobre o domínio dos códigos que vão decidir quem ou qual assunto devem estar em evidência. Isso determina uma nova situação política ligada ao que se pode chamar de “luta pela visibilidade” que ocorre em um ambiente no qual o controle dos big data é feito por grandes empresas privadas que podem vender dados pessoais seja para manipulação comercial ou eleitoral, seja para órgãos governamentais que, como bem alerta Byung-Chul Han, podem servir-se deles com a finalidade de instaurar uma vigilância digital estatal. Como podemos compreender os processos de subjetivação nesse contexto de comunicação virtual? Qual o papel das tecnologias da visualidade em um contexto de pandemia? Como se situar politicamente frente à manipulação dos algorítmicos? Como resistir aos riscos autoritários ligados ao crescimento da vigilância digital? Para conversar sobre esses temas com a professora Ivana Bentes, contaremos com a participação de Flora Daemon, professora do Departamento de Letras e Comunicação da UFRRJ, co-coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência e Comunicação (NEVCOM), com pesquisa pós-doutoral sobre violência e visualidades no PPGCINE-UFF. O debate será mediado pelo professor Pedro Hussak, vice-diretor do CEA-UFRRJ.