São João de Meriti e Duque de Caxias realizam oficinas de construção de agendas no curso de Políticas Públicas

O curso de extensão Políticas Públicas, Desenvolvimento e Direito à Cidade deu continuidade às oficinas de construção das agendas locais no dia 19 de junho. Mobilizadores sociais dos municípios de São João de Meriti e Duque de Caxias  se encontraram no campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) em São João de Meriti, para levantar propostas de resolução para os problemas diagnosticados nos encontros anteriores.

A oficina foi ministrada por Douglas Almeida, pós-doutorando de Ciências Sociais na UFRRJ e integrante da iniciativa Nossa Meriti, com o apoio da docente Carly Machado (DSC/ICHS) e da mestranda de Ciências Sociais (PPGCS/UFRRJ), Pamela Santos.

No primeiro encontro, realizado em abril, o grupo discutiu o que existia e o que faltava de políticas públicas nos municípios fluminenses e, a partir daí, levantaram o questionamento sobre o papel da sociedade civil na defesa dos direitos sociais. No segundo encontro, o grupo discutiu coletivamente as proposições para os temas insegurança alimentar, saúde, mobilidade e transporte, segurança e cultura.

Os articuladores de Meriti apontaram a importância das cozinhas comunitárias e cozinhas solidárias no combate à fome no município que se intensificou durante a pandemia da Covid-19. Foi pontuado sobre as dificuldades enfrentadas por lideranças sociais na manutenção e funcionamento dessas cozinhas.  Como forma de enfrentamento, o grupo ressaltou a importância da sociedade civil tomar conhecimento sobre os programas governamentais já existentes para cobrar fiscalização da distribuição de verba, e o incentivo a fóruns que promovem o encontro de diferentes líderes dessas organizações.

Na área da saúde, o grupo pontuou, principalmente, as dificuldades  nas marcações de atendimentos emergenciais ou preventivos, a ausência de profissionais habilitados nas unidades de saúde e a demora em acompanhamentos, sobretudo, da população mais velha. Além disso, foi observado que os 4 hospitais listados no SUS para atendimento, em São João de Meriti, se encontram fechados. Aqui a palavra-chave utilizada pelo grupo foi “fiscalização”.

Nos tópicos mobilidade e transporte, os articuladores de Duque de Caxias apontaram a ausência de integração entre a Baixada Fluminense e a região central do Rio de Janeiro. Para eles, essa falta intensifica outros problemas ligados ao transporte, como a longa espera por determinadas linhas de ônibus e a superlotação dos meios de transporte. Conjuntamente, os dois municípios pontuaram a precarização das linhas ferroviárias do Ramal Belford Roxo, onde diversas estações se encontram sem manutenção. O grupo ressaltou que em ambos os casos, tanto das rodovias quanto das linhas férreas, a população encontra ainda mais dificuldades em relação à segurança, já que se expõem a acidentes e violência urbana durante os deslocamentos.

Já sobre a cultura, os participantes rapidamente pontuaram que os problemas de mobilidades também afetam o acesso à cultura, esporte e lazer. Nesse caso, foi proposto o incentivo à cultura local, por meio de artistas, festas e centros culturais. Os meritienses lembraram da paralisação da construção do espaço destinado ao Museu do Marinheiro João Cândido, reconhecido por liderar a “Revolta da Chibata” e considerado herói do município.

As propostas e levantamentos discutidos durante o encontro serão somadas para a construção das agendas locais.

Texto e fotos: Lara Trindade, estudante de jornalismo da UFRRJ, bolsista do projeto, sob orientação de Alessandra de Carvalho, docente do DLC/ICHS/UFRRJ